No 2º episódio da Rubrica Científica, Afonso Carreira e Bianca Garcia falam sobre resíduos de pesticidas encontrados dentro de habitações.
Aproveita connosco estes minutos de conhecimento!
Scientific Junior Value, Generating Success!
Afonso: Boa tarde, caros ouvintes do podcast da Scientific, sejam bem vindos a mais um episódio! O meu nome é Afonso Carreira e sou o Diretor de Recursos Humanos, no título de apresentador! Hoje, na Rubrica Científica estamos em conversa com a Bianca Garcia, membro do Departamento de Relações Científicas da Scientific, para nos elucidar sobre a atualidade da área da saúde ambiental.
Bianca: Boa Tarde, Afonso! Antes de mais, queria agradecer pela oportunidade de aqui estar hoje, a discutir um tema tão importante. Estava a passear pelo LinkedIn quando me deparei com um estudo recente, o projeto SPRINT , financiado pelo Fundo Europeu e coordenado por uma equipa do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, que monitorizou a presença de resíduos de pesticidas e os seus metabolitos em pó doméstico de 128 residências de agricultores em dez países europeus e na Argentina.
Afonso: Isso parece importante! Se calhar, para situar os nossos ouvintes: os pesticidas são produtos projetados para serem tóxicos, usados na agricultura para proteger as plantas contra pragas, ervas daninhas, doenças e outros organismos vivos indesejados. Mas, como tal, muitos estudos científicos ligaram a exposição aos pesticidas a efeitos adversos em organismos “não alvos”, como é o exemplo do ser humano. Por essa razão, alguns pesticidas que inicialmente estavam dentro dos critérios de aprovação para uso, acabaram por ser proibidos. Bianca, conta-me então mais sobre o projeto.
Bianca: Bem Afonso, o SPRINT , financiado pelo Horizon 2020, que é um programa da união europeia para investigação e inovação, revelou que misturas de resíduos de pesticidas foram encontradas em todas as amostras de pó recolhidas. As concentrações variaram amplamente, sendo encontrados níveis elevados de gli-fo-sa-to, per-me-tri-na, ci-per-me-tri-na e butóxido de pi-pe-ro-ni-la. Relativamente ao tipo de pesticidas, os inseticidas mostraram níveis significativamente mais altos do que herbicidas e fungicidas
Afonso: Isso parece assustador. E que tipo de consequências é que isto pode ter em nós?
Bianca: Existem dois tipos de consequências: para a saúde humana há um risco de 32% de aparecimento de efeitos agudos e/ou crónicos; relativamente ao ambiente, há um risco 21% de efeitos tóxicos.
Afonso: Mas não fica apenas por aí, pois não? Eu li que os pesticidas se podem alastrar para outros sítios e que as pessoas que vivem em áreas agrícolas estão sujeitas a uma maior exposição do que as pessoas que vivem em áreas não rurais.
Bianca: Exatamente! Também devemos considerar o interior das casas como uma fonte relevante de contacto com poluentes e, tendo em conta o tempo que passamos dentro delas, a percentagem de incidência a certos produtos químicos foi relatada como 1000 vezes mais alta em comparação com exposições ao ar livre. Outro aspeto preocupante é a transferência de pesticidas de superfícies domésticas para alimentos e a ingestão de poeira interna como uma rota potencial de contaminação. Em alguns casos, a ingestão de produtos químicos através da poeira pode ser igual ou mais significativa do que a exposição através do consumo de alimentos.
Afonso: Bianca, tu mencionaste que a poeira interna que encontramos diariamente nas nossas casas pode ser ingerida e prejudicial; por isso, queria saber, o que é que esta poeira contem para ser assim tão perigosa?
Bianca: Essa é uma boa pergunta. A poeira interna é uma mistura heterogénea de materiais orgânicos e inorgânicos composta por fibras animais, pólen, matéria depositada de aerossóis e partículas transportadas pela presença humana. Até mesmo os pesticidas não persistentes podem permanecer estáveis dentro de casa por longos períodos devido à falta de luz solar, humidade, degradação biótica e abiótica ou outros processos de dissipação.
Afonso: Então, concluindo, este estudo levanta a necessidade urgente de monitoração e reavaliação desses produtos ao longo do seu ciclo de vida. E a pesquisa futura dever-se-ia focar na avaliação dos riscos à saúde associados à exposição a essas misturas complexas de pesticidas, não concordas?
Bianca: Absolutamente! Temos muito a aprender e a fazer para proteger a nossa saúde e o meio ambiente.
Afonso: Parece que estamos de acordo! E também parece que assim chega ao fim o nosso episódio, onde pudemos falar sobre um estudo científico que também eu passei a achar interessantíssimo! Obrigado Bianca por seres a nossa convidada de hoje e por nos iluminares sobre os perigos emergentes dos pesticidas. E claro, um enorme obrigado aos nossos fiéis ouvintes!
Bianca: Ora essa, o prazer foi todo meu Afonso. Fico ansiosa pelo próximo episódio da Rubrica Científica!
