O fim do percurso na universidade é um ponto alto na vida dos estudantes. É o fechar de um ciclo e o começo de um futuro. No entanto, para muitos, é também o início de um novo tipo de ansiedade. Estudantes universitários enfrentam vários desafios ao iniciar as suas carreiras e ingressar no mercado de trabalho após o ensino superior. Este é um período de mudança, marcado por incertezas, o que se reflete na saúde mental.
Os Desafios e a Saúde Mental
Como em todas as mudanças da vida, o fim da universidade implica uma quebra de rotina. Muitos jovens começam a sentir-se isolados, sem a rede de amigos, professores e orientadores que a vida académica proporcionava. Além disso, muitos licenciados concluem os estudos com grandes expectativas — como encontrar rapidamente um emprego estável, significativo e bem remunerado. A realidade, no entanto, pode incluir contratos precários, trabalho fora da área de formação ou funções pouco estimulantes. A pressão para “acertar” logo na primeira escolha profissional é comum. Muitos sentem que, se falharem agora, estarão a “atrasar-se” para sempre. Tudo isto pode gerar frustração e desânimo, levando a sentimentos de falhanço e ao receio de não estarem a alcançar os seus objetivos. Muitos sentem também a pressão para se tornarem “financeiramente independentes”, o que pode não ser possível num primeiro emprego. Por cima de tudo isto, numa era em que as redes sociais têm um peso significativo, os sucessos dos colegas podem fazê-los sentir como se estivessem a ficar para trás.
Esta combinação de fatores pode fragilizar a saúde mental de muitos recém-licenciados, especialmente se não houver apoio institucional, familiar ou social adequado. Os recém-formados podem apresentar problemas de saúde como depressão e stress ao procurar um emprego após a formatura. Além disso, as exigências físicas e mentais de um primeiro trabalho podem representar um esforço adicional e impactar negativamente o bem-estar.
No entanto, é importante reconhecer que a transição da universidade para o mercado de trabalho também está associada a resultados positivos na saúde mental — como maior satisfação com a vida, bem-estar psicológico e desenvolvimento. Nem tudo é negativo, e é importante lembrar isso. Nem todas as pessoas vivem estas dificuldades da mesma forma, e a transição da universidade para o trabalho não é igual para todos. Cada percurso é único e condicionado por múltiplos fatores, como as expectativas pessoais, o contexto familiar ou o tipo de trabalho encontrado. Para alguns, esta fase representa entusiasmo e crescimento; para outros, pode ser mais desafiante. O mais importante é reconhecer que todas essas experiências são válidas, e nenhum percurso é igual a outro, ou melhor.
Estratégias a Adotar
Apesar dos desafios, existem formas de tornar esta fase mais leve e emocionalmente equilibrada. A chave está em procurar apoio e adotar estratégias de autocuidado:
- Recorre aos recursos disponíveis. Muitas universidades oferecem gabinetes de apoio psicológico ou orientação de carreira, mesmo após a conclusão do curso. Estes serviços podem ajudar a lidar com a ansiedade em relação ao futuro e a preparar entrevistas e candidaturas.
- Lembra-te de que tudo tem o seu tempo. O primeiro emprego não tem de ser o “emprego dos sonhos” — pode ser apenas uma etapa de aprendizagem. Reconhecer isso ajuda a aliviar a pressão. Lembra-te que progredir nem sempre significa subir; por vezes, significa experimentar, recuar ou mudar de direção.
- Fala sobre o que sentes. Conversar com amigos ou familiares pode fazer uma grande diferença. Normalizar estas conversas ajuda a reduzir a vergonha ou o isolamento que muitos sentem nesta fase. “Estás a sentir o mesmo?” pode ser uma pergunta simples, mas poderosa. Podes descobrir que não estás sozinho.
- Mantém uma rotina saudável. Regula o teu sono, mantém uma alimentação equilibrada, pratica exercício físico, ainda que leve, e faz pausas durante o dia. A tua saúde mental importa — é uma prioridade, não um extra.
- Procura ajuda profissional, se necessário. Se sintomas como ansiedade constante, apatia profunda ou dificuldades em dormir persistirem, e sentires que sozinho não consegues dar conta do recado, pode ser essencial procurar apoio psicológico. A terapia não é sinal de fraqueza — é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e de cuidado. Pedir ajuda é um ato de coragem.
O Futuro
A transição da universidade para o mundo do trabalho pode ser exigente — emocional, mental e até fisicamente. Mas lembra-te: não estás sozinho, e não estás a falhar só porque te sentes perdido. O teu valor não se mede pelo cargo que ocupas ou pelo salário que recebes.
Esta fase é marcada pela adaptação, pela dúvida e, sobretudo, pelo crescimento. A incerteza pode ser desconfortável, mas também é sinal de possibilidade. Nem sempre tudo corre como o esperado — e está tudo bem. São os desafios que nos tornam mais fortes.
Com informação, apoio e autoconsciência, é possível navegar esta etapa da forma mais saudável e construtiva. O teu bem-estar é — e deve continuar a ser — sempre uma prioridade.
