No 13º episódio da Rubrica Científica, o Fábio e a Inês falam-nos sobre um estudo sobre neurónios que “cheiram” a comida.
Poderá este ser um marco na história do nutricionismo?
Junta-te a nós neste episódio e esclarece as tuas dúvidas!
Scientific Junior Value, Generating Success!
Fábio:
Sejam muito bem-vindos a mais um episódio da Rubrica Científica, o podcast da Scientific Junior Value. Eu sou o Fábio, e no episódio de hoje vamos falar sobre uma descoberta científica recente que pode trazer uma nova esperança no combate à obesidade. Para nos explicar tudo, temos connosco a Inês, membro do Departamento de relações empresariais. Olá, Inês!
Inês:
Olá, Fábio! Olá a todos! É um prazer estar aqui. E hoje trago uma descoberta fascinante de uma equipa da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que isolou um tipo de neurónios no cérebro de ratos responsáveis pela regulação da saciedade — ou seja, aqueles que nos ajudam a saber quando já comemos o suficiente.
F:
Isso parece fascinante! Então, esses neurónios ajudam-nos a perceber quando devemos parar de comer?
I:
Exatamente! Estes neurónios foram localizados no tronco cerebral dos ratos, uma área muito primitiva do cérebro. É uma zona comum a todos os vertebrados, incluindo os seres humanos. O mais interessante desta descoberta é que esses neurónios não só percebem os sinais do nosso corpo, como o nível de nutrientes no sangue, mas também conseguem “sentir”, “cheirar” e até “ver” a comida que está a ser ingerida. Estes captam as informações vindas do intestino e das hormonas libertadas enquanto comemos e interpretam esses sinais para nos avisar quando já estamos satisfeitos. Ou seja, funcionam como um verdadeiro centro de comando que decide, de forma inteligente, quando é hora de parar de comer.
F:
Isso é realmente incrível! Como se fosse um painel de controlo que analisa toda a informação antes de tomar uma decisão, não é?
I:
Precisamente! Os cientistas utilizaram técnicas muito avançadas, como o perfil molecular das células, para estudar esses neurónios. E ainda usaram uma técnica chamada optogenética, um tipo de tecnologia incrível que permite ativar ou desativar neurónios utilizando luz. Quando esses neurónios foram ativados, os ratos literalmente pararam de comer quase imediatamente, o que demonstra quão poderosos estes neurónios são na regulação do apetite.
F:
Impressionante! Ou seja, os cientistas conseguiam controlar o apetite dos ratos usando luz? Isso é realmente surpreendente.
I:
Sim, exatamente! E, de acordo com a intensidade da luz, os ratos demoravam mais ou menos tempo a parar de comer. Isto mostra que estes neurónios desempenham um papel fundamental e específico na regulação da saciedade, com uma resposta muito precisa à ativação.
F:
Isso é fascinante! Mas há alguma ligação entre essa descoberta e os tratamentos já existentes para a obesidade?
I:
Sim, e essa é a parte empolgante! Os investigadores descobriram que estes neurónios podem ser ativados por agonistas do GLP-1, uma hormona que regula os níveis de glicose no sangue e que já é utilizada em medicamentos para o tratamento da obesidade e da diabetes, como o Ozempic. Os medicamentos que atuam sobre o GLP-1 ajudam a regular o apetite, e esta descoberta pode tornar esses tratamentos ainda mais eficazes. Além disso, a pesquisa revelou que os mesmos neurónios podem ser silenciados por uma hormona que aumenta o apetite, o que representa um ponto crítico na regulação da ingestão alimentar.
F:
Portanto, esta descoberta pode ajudar a tornar esses tratamentos ainda mais eficazes?
I:
Essa é a grande esperança. Sabemos que os tratamentos atuais para a obesidade nem sempre funcionam para todos os pacientes e que, em alguns casos, têm efeitos colaterais. Com uma compreensão mais profunda de como estes neurónios funcionam e respondem a diferentes sinais sensoriais e hormonais, os cientistas podem trabalhar em terapias mais precisas e personalizadas, que se adaptam melhor às necessidades de cada paciente. Isto poderia representar uma verdadeira revolução na forma como tratamos a obesidade.
F:
E, considerando que esta descoberta foi feita em ratos, achas que isso pode ser aplicado aos seres humanos também?
I:
Com certeza! O tronco cerebral, onde esses neurónios foram identificados, é uma área muito antiga do cérebro, comum a todos os vertebrados, incluindo os seres humanos. Como o próprio investigador principal, Alexander Nectow, mencionou, é altamente provável que os humanos também possuam neurónios semelhantes com essa função específica. Isto abre uma nova porta para o estudo da saciedade no cérebro humano e pode transformar completamente a maneira como tratamos a obesidade e outras doenças relacionadas com o apetite.
F:
Impressionante como o nosso próprio corpo possui respostas tão sofisticadas! Parece que a chave para o combate à obesidade pode estar dentro do nosso próprio cérebro. Mas, falando em tratamentos, haverá algum novo medicamento ou técnica a ser desenvolvido a partir desta pesquisa?
I:
Sim, já existem algumas empresas farmacêuticas que estão a investigar como potencializar este mecanismo de controlo da saciedade. A esperança é que, com o tempo, possamos ver terapias mais eficazes e seguras. O tratamento da obesidade sempre foi muito complexo, mas ao entender como o cérebro regula o apetite num nível tão fundamental, talvez possamos criar medicamentos que ajudem as pessoas a perder peso sem os efeitos colaterais que muitos tratamentos atuais apresentam. É um campo de pesquisa empolgante e com um enorme potencial para o futuro.
F:
Isto muda completamente a forma como olhamos para a obesidade! Obrigado, Inês, por nos trazeres esta descoberta tão relevante e cheia de potencial para o futuro da saúde!
I:
Eu é que agradeço, Fábio! Foi ótimo poder compartilhar uma pesquisa tão inovadora e promissora. Quem sabe, no futuro, isto possa ajudar milhões de pessoas a alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.
F:
E com esta promessa de novas descobertas e terapias no horizonte, despedimo-nos de mais um episódio da Rubrica Científica. Obrigado por nos acompanharem. Se gostaram deste episódio, partilhem-no com amigos, familiares e colegas. Vamos continuar a acompanhar este tema fascinante. Até à próxima!
