10.Novo modelo de IA revela a nossa verdadeira idade biológica a partir de 5 gotas de sangue

10.Novo modelo de IA revela a nossa verdadeira idade biológica a partir de 5 gotas de sangue

Tempo Leitura 5 min

No 10º episódio da Rubrica Científica, o Tomás e a Laura falam-nos sobre um novo sistema para estimar a idade biológica de uma pessoa, ou seja, uma medida de quão bem o seu corpo envelheceu, em vez de apenas contar os anos desde o nascimento.

Aproveita connosco estes minutos de conhecimento!

Scientific Junior Value, Generating Success!

Tomás Geraldes: Bem-vindos a mais um episódio da “Rubrica Científica”, o podcast da Scientific Junior Value! Eu sou o Tomás Geraldes, e hoje vou estar à conversa com a nossa convidada, Laura Carreira, que nos vem falar sobre um estudo impressionante: foi desenvolvido um novo modelo de IA que revela a nossa verdadeira idade biológica a partir de 5 gotas de sangue! Será que poderá estar aqui a resposta sobre como evitar o envelhecimento? É o que a Laura nos vai explicar! Bem vinda, Laura.

Laura Carreira: Muito obrigada! Sim, é isso mesmo! Todos conhecemos alguém que parece desafiar o envelhecimento – alguém que parece mais jovem do que os seus pares, apesar de terem a mesma idade. Isto acontece porque o envelhecimento não é apenas o número de anos que vivemos; ele é moldado por fatores como genética, estilo de vida e fatores ambientais. Tudo isto acaba por causar danos às nossas células enquanto envelhecemos, resultando em doenças relacionadas com a idade. Portanto, para entender o envelhecimento e desenvolver intervenções eficazes para estas doenças, é necessário avaliar com precisão a idade biológica de um indivíduo.

Tomás Geraldes: O que é a idade biológica?

Laura Carreira: Excelente questão! A idade biológica reflete o estado fisiológico de uma pessoa, ou seja, o estado de saúde dos seus órgãos, ao contrário da idade cronológica, que simplesmente mede a passagem do tempo. Por isso, ao analisar a idade biológica, não seria incrível se conseguíssemos perceber o que faz com que as células de uma pessoa envelheçam mais depressa, e dessa forma retardar o envelhecimento?

Tomás Geraldes: Seria sim! Acho que todos preferíamos parecer jovens para sempre! Portanto, neste estudo desenvolveram um novo modelo para determinar a idade biológica. Mas pergunto-me: esta foi a primeira equipa a tentar descobrir uma forma de retardar o envelhecimento? De certeza que alguém já pensou sobre este assunto!

Laura Carreira: Tens toda a razão! Antes deste estudo, já existiam métodos para determinar a idade biológica, desde indicadores fenotípicos, como capacidade pulmonar, até hemogramas completos e testes bioquímicos. No entanto, esses marcadores muitas vezes não conseguem fornecer uma janela direta para as vias fisiológicas ou metabólicas específicas que impulsionam o envelhecimento, e ignoram frequentemente as redes hormonais que regulam o equilíbrio interno do corpo. Além disso, a idade biológica é influenciada por fatores genéticos e não genéticos, e, atualmente, não existem padrões universalmente aceites para medi-la, o que torna a sua determinação bastante complexa. Visto que o corpo humano depende de hormonas para manter a homeostase, os cientistas da Universidade de Osaka, no Japão, decidiram inovar. Eles pensaram que as hormonas seriam um elemento-chave para descodificar o envelhecimento. Por isso, utilizaram-nas neste novo modelo, de forma a tornar a determinação da idade biológica mais fiável.

Tomás Geraldes: Parece-me uma excelente ideia! E que hormonas foram utilizadas?

Laura Carreira: Neste estudo, foram usadas hormonas esteroides, uma vez que desempenham um papel crucial no metabolismo, na função imunológica e na resposta ao stress. Desta forma, este estudo apresenta um método para prever a idade biológica usando uma rede neural profunda com base em vias de metabolismo de esteroides, tornando-o o primeiro modelo de IA a considerar explicitamente as interações entre diferentes moléculas de esteroides.

Tomás Geraldes: Excelente! E, além de utilizar hormonas, qual dirias que foi a grande inovação deste modelo?

Laura Carreira: Diria o facto de se concentrar em padrões significativos de esteroides, o que leva a uma maior fiabilidade dos resultados, porque os níveis absolutos de esteroides podem variar amplamente entre indivíduos. Além disso, considera variações específicas do sexo na produção de esteroides. Deste modo, o modelo resultante estabelece uma estrutura biologicamente significativa e robusta para prever a idade biológica.

Tomás Geraldes: Portanto, a ideia deste modelo alimentado por IA é determinar a idade biológica de modo mais fiável, através da análise de padrões de hormonas esteroides, e deste modo, descobrir novas hormonas e moléculas que tenham um impacto significativo no envelhecimento?

Laura Carreira: Exatamente! Ao analisarmos os padrões destas hormonas, conseguimos perceber o que faz as células envelhecer mais depressa, e deste modo podemos abrir caminho para uma monitorização de saúde mais personalizada, retardar o envelhecimento e desenvolver intervenções eficazes para doenças relacionadas com a idade!

Tomás Geraldes: Incrível! No entanto, uma vez que é um estudo muito recente, já houve alguma descoberta impactante utilizando este modelo?

Laura Carreira: Excelente pergunta! De facto, sim! Uma das descobertas mais marcantes do estudo envolve o cortisol, uma hormona esteroide comumente associada ao stress. Os investigadores descobriram que, quando os níveis de cortisol duplicavam, a idade biológica aumentava aproximadamente 1,5 vezes! Isso sugere que o stress crónico pode acelerar o envelhecimento a nível bioquímico, reforçando a importância da gestão do stress na manutenção da saúde a longo prazo.

Tomás Geraldes: Isso é deveras fascinante! Não fazia ideia de que a forma como encaramos a vida e vivemos o nosso dia a dia pode influenciar diretamente como as nossas células envelhecem! Ultimamente, o stress tem sido um termo bastante discutido, mas esta descoberta fornece evidências concretas de que ele tem um impacto mensurável no envelhecimento biológico!

Laura Carreira: Exatamente!

Tomás Geraldes: Gostava também de te perguntar quais são as perspetivas futuras para este modelo. O que os investigadores planeiam fazer daqui para a frente?

Laura Carreira: A partir de agora, a ideia é incorporar ainda mais marcadores biológicos no modelo, na esperança de o refinar ainda mais e desbloquear insights mais profundos sobre os mecanismos do envelhecimento. Embora o estudo represente um passo significativo em frente, a equipa reconhece que o envelhecimento biológico é um processo complexo influenciado por muitos outros fatores além das hormonas. No entanto, a evolução deste modelo pode possibilitar, no futuro, a deteção precoce de doenças, programas de bem-estar personalizados e até mesmo recomendações de estilo de vida adaptadas para desacelerar o envelhecimento.

Tomás Geraldes: Este é deveras um estudo impressionante! Muito obrigado, Laura, pela tua participação no nosso podcast! E aí em casa, já sabem: o sonho de medir com precisão – e até mesmo desacelerar – o envelhecimento biológico está a tornar-se cada vez mais viável! Até lá, não se esqueçam de levar a vida com leveza, e mantenham-se atentos às nossas redes sociais para não perderem o próximo episódio da “Rubrica Científica”!

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