7.Diagnósticos precoce e tratamento de Alzheimer

7.Diagnósticos precoce e tratamento de Alzheimer

Tempo Leitura 5 min

No 6º episódio da Rubrica Científica, a Daniela e a Maria falam-nos sobre a Doença de Alzheimer, diagnóstico precoce e uma possível nova alternativa terapêutica para esta demência.

Aproveita connosco estes minutos de conhecimento!

Scientific Junior Value, Generating Success!

Daniela Rebelo: Saudações caros ouvintes, sejam muito bem-vindos a mais um episódio da Rubrica Científica, da Scientific Junior Value. Eu sou a Daniela Rebelo e hoje estamos aqui com a Maria Oliveira, membro do Departamento de Relações Científicas, que nos vem falar um pouco sobre a Doença de Alzheimer, diagnóstico precoce e uma possível nova alternativa terapêutica para esta demência. Bem-vinda, Maria.

Maria Oliveira: Olá, Daniela, muito obrigada pelo convite. Como disseste, e muito bem, foi descoberta uma nova forma de diagnosticar Alzheimer e consequentemente uma nova forma de tratamento! Esta descoberta foi realizada pela Ana Raquel Soares, em conjunto com Marisa Pereira e Diana Ribeiro do Instituto de Biomedicina da Universidade de Aveiro (IBiMED) e contou, ainda, com a colaboração da Universidade de Frankfurt (Alemanha), da Universidade de Stanford (USA) e da Universidade de Indiana (USA).

Daniela Rebelo: Jura? Com tantas Universidades unidas no projeto, deve ser realmente algo revolucionário! O que foi, exatamente, que este grupo de jovens cientistas desvendou?

Maria Oliveira: Sem entrar em muitas especificações ou nomes estranhos, estas jovens conectaram a frequência da presença de uma enzima nos neurónios com a produção anómala de proteínas que podem levar à progressão do Alzheimer.

Daniela Rebelo: Fiquei curiosa, o que essa enzima faz ao certo?

Maria Oliveira: Bom, esta enzima, apelidada de ELP3, catalisa (isto é, acelera), reações de modificação química de tRNAs específicos. Para contexto, tRNAs, ou RNAs de transferência, são um tipo de RNA que transporta aminoácidos para os ribossomas de modo a produzir proteínas. É quase como se fossem pedreiros a transportar blocos para construir uma casa: se eles estiverem doentes, o transporte é afetado, ou para totalmente, e a casa pode ficar com defeitos ou nem sequer chegar a ser construída.

Daniela Rebelo: Então a enzima ELP3 é realmente bastante importante para o bom funcionamento da produção de proteínas, presumo. Qual foi a conclusão a que chegaram?

Maria Oliveira: De facto, estás correta. Esta enzima tem um papel fundamental na síntese proteica. Em pacientes com Doença de Alzheimer, a expressão da ELP3 estava bastante reduzida, o que indica que, ao aumentar a quantidade de tRNAs afetados pela ELP3, seria possível restaurar a produção normal de proteínas em células neuronais. Isto sugere que as modificações nos tRNAs podem desempenhar um papel importante na progressão da doença, abrindo novas possibilidades de abordagens de diagnóstico e terapia para esta condição neurodegenerativa devastadora.

Daniela Rebelo: Com base nesta descoberta, quais seriam as formas de diagnóstico ou terapia possíveis?

Maria Oliveira: Ainda é difícil ter a certeza, mas a identificação da redução da expressão da ELP3 e das suas correlações com modificações específicas de tRNA pode servir como um biomarcador potencial para a doença, mesmo em fases iniciais. A deteção precoce desta doença é crucial, uma vez que permite intervenções terapêuticas mais eficazes antes que os sintomas se tornem severos.
No que diz respeito às terapias, os resultados sugerem que a manipulação das modificações de tRNA pode representar uma nova e promissora estratégia terapêutica. Corrigir essas anomalias na síntese proteica, pode contribuir para a restauração do bom funcionamento proteico, comprometido pela doença, potencialmente preservando a função neuronal e retardando a progressão dos sintomas.

Daniela Rebelo: Gostaria de saber se já podemos esperar ver terapias baseadas na manipulação dessa enzima ou dos tRNAs num futuro próximo.

Maria Oliveira: Pois, aí é que está o maior problema. Apesar dos resultados promissores já alcançados, o tempo necessário para que estes resultados sejam traduzidos em aplicações clínicas pode variar significativamente. Além disso, qualquer terapia derivada destes resultados precisa de passar por extensos testes pré-clínicos e ensaios clínicos para garantir a sua eficácia e segurança.

Daniela Rebelo: Adorei saber sobre esta descoberta, especialmente dado o contexto desta doença, que, como sabemos, é tão comum e tão devastadora para as famílias! Globalmente foram registados quase 50 milhões de casos, 4.7x a população atual de Portugal. Notei, ainda, que este tópico data de fevereiro de 2024, desde então já têm sido feitos mais progressos?

Maria Oliveira: Se pesquisarmos no site BioRxiv já existiam preprints sobre esta enzima em maio de 2023 o que indica que este estudo já é conduzido há alguns anos. Desde então não consegui encontrar mais nenhuma informação, só nos resta esperar!

Daniela Rebelo: Acredito que se conecta com o que mencionaste anteriormente, a fase de tradução em aplicações clínicas é bastante demorada, mas essencial para garantir mais segurança. E com isto, chega assim ao fim o nosso episódio de hoje, muito obrigado pela tua participação Maria Oliveira e por partilhares connosco este avanço tão promissor. O meu nome é Daniela Rebelo e despeço-me agora de todos os ouvintes, muito obrigado pela vossa companhia e até ao próximo episódio!

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