Jorge Oliveira: Bem-vindos a mais um episódio da “Rubrica Científica”, o podcast da Scientific Junior Value! Hoje, eu, Jorge Oliveira e a Joana Pinto trazemos-vos uma notícia cósmica que está a deixar a comunidade científica em alvoroço. Uma equipa internacional de investigadores, incluindo alguns cientistas portugueses do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço da Universidade do Porto, confirmou a existência de um planeta na zona habitável da estrela HD 20794!
Joana Pinto: Exatamente, Jorge! E este não é um planeta qualquer! Estamos a falar de um mundo que poderá ter condições para suportar água líquida. Chama-se HD 20794 d e está a \apenas 6,04 parsecs de nós. Para os que não têm uma “régua espacial” à mão, isso dá qualquer coisa como 19,7 anos-luz. É perto o suficiente para sonharmos em visitá-lo… um dia talvez.
Jorge Oliveira: Bem, com a tecnologia atual, só levaríamos uns milhares de anos a chegar lá, no biggie! Mas voltando ao que interessa, esta descoberta foi possível graças aos espectrógrafos HARPS e ESPRESSO, que, ao longo de mais de 20 anos, analisaram a velocidade radial da estrela HD 20794. Ou seja, detetaram pequenas oscilações provocadas pelos planetas em órbita.
Joana Pinto: E encontraram três! Um com um período orbital de 18,3 dias, outro de 89,6 dias e, finalmente, o que nos interessa mais, HD 20794 d, que demora uns respeitáveis 647,6 dias a dar a volta à sua estrela. E o melhor? Está na zona habitável, onde a temperatura pode permitir a existência de água no estado líquido!
Jorge Oliveira: Mas calma, antes de fazermos já as malas, há alguns detalhes a considerar…
Joana Pinto: Sim, este planeta tem uma massa mínima de 5,82 vezes a da Terra e uma órbita com uma excentricidade considerável. Isso significa que pode sofrer variações sazonais bem extremas!
Jorge Oliveira: Imaginem passar de um verão escaldante para um inverno polar num único ano!
Joana Pinto: Ui, seria incrível estou mesmo a ver!
Jorge Oliveira: O que ainda não sabemos ao certo é a sua composição, não é?
Joana Pinto: Pois, pode ser um planeta rochoso com uma atmosfera densa, uma espécie de super-Terra, ou então um mini-Neptuno com um invólucro gasoso espesso.
Jorge Oliveira: De qualquer das formas, está a chamar a atenção dos cientistas para futuras investigações.
Joana Pinto: Exatamente, e é aí que entram os gigantes da astronomia do futuro! O Extremely Large Telescope ANDES, atualmente a ser construído no deserto do Atacama, no Chile, vai ser o maior telescópio terrestre de sempre. Vai permitir estudar planetas como este com um detalhe incrível, incluindo a deteção de moléculas na sua atmosfera. E se isso não for suficiente, temos também a missão LIFE. Esta missão espacial vai usar interferometria, uma técnica que combina as frentes de onda de radiação infravermelha captadas por múltiplos telescópios para cancelar a luz estelar direta e isolar a emissão térmica do exoplaneta, permitindo a identificação de biomarcadores, como oxigénio e metano, que podem indicar atividade biológica. Ou seja, podemos estar à beira de descobrir indícios de vida para além da Terra!
Jorge Oliveira: Isso seria revolucionário! Encontrar um planeta na zona habitável já é impressionante, mas conseguir analisar a sua atmosfera em busca de sinais de vida seria um verdadeiro game changer para a astrobiologia.
Joana Pinto: Sem dúvida! Esta descoberta prova que estamos cada vez mais perto de responder àquela pergunta que todos fazemos: estamos sozinhos no universo? O HD 20794 d pode não ser a resposta, mas é mais uma peça importante neste grande puzzle!
Jorge Oliveira: Wow, muito obrigado Joana. E com isso, chegamos ao fim deste episódio da “Rubrica Científica”! Se gostaram, não se esqueçam de nos seguir nas redes sociais e partilhar este episódio com os vossos amigos e familiares.
Joana Pinto: Pois, nunca se sabe, pode haver um futuro astronauta a ouvir-nos, não é?
Jorge Oliveira: Isso mesmo! Obrigado Joana pela tua participação. O meu nome é Jorge Oliveira e um obrigado a vocês também por estarem desse lado. Até uma próxima viagem de descoberta pelo cosmos! Vemo-nos no próximo episódio!
Jorge Oliveira e Joana Pinto: Tchauuuuuuuuuu.
