À Conversa Com o Futuro – EP1

À Conversa Com o Futuro – EP1

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No 1º episódio de “À Conversa Com o Futuro”, Daniela Malafaia conta-nos a sua experiência e como chegou ao Doutoramento em Química.

Scientific Junior Value, Generating Success!

  1. Podes apresentar-te?

Eu sou a Daniela, sou aluna de doutoramento em Química. Trabalho na área de Química Medicinal e estou a entrar no meu terceiro ano de doutoramento.

 

  1. E está tudo a correr bem?

Sim, está tudo a correr bem. Tem sido bastante bom trabalhar no tema em que estou envolvida, é muito mais na área da farmácia também, portanto é uma coisa que me interessa bastante. Está a começar a apertar o tempo, estou a meio do doutoramento, são quatro anos, portanto acho que agora é que vai começar a doer e o stress vai começar a cair sobre mim, mas está a correr tudo bem.

 

  1. Já agora, em relação ao facto de continuares a estudar na UA, nunca pensaste em ir para outra universidade?

Eu entrei na Scientific no início do meu terceiro ano de licenciatura. Estive um ano na Scientific e, depois, candidatei-me à Direção do departamento de Relações Científicas (RC), onde ganhei a posição de diretora de RC. Na altura estava indecisa entre ir para o Porto fazer mestrado ou ficar em Aveiro. O que me fez ficar foi a Scientific. Não foi “por causa” da Scientific, mas foi porque eu assumi uma responsabilidade no final do meu terceiro ano de licenciatura, então pensei: “Não vou abandonar o barco e vou ficar na Scientific até ao final”, e foi por isso que eu fiquei. Foi uma grande decisão da minha parte, mas eu fiquei muito pela Scientific, na altura. Sim, já pensei em sair da Universidade de Aveiro, mas, no caso do doutoramento, o que também me motivou a ficar foi ter trabalhado muito com o meu orientador e gostar muito da equipa que faço com ele. Tenho também uma colaboração com Madrid, portanto acabo por conseguir sair um bocadinho da minha zona de conforto e sair mesmo daqui de Aveiro, e foi por isso que fiquei. Foi muito pelo projeto, gosto muito do projeto em que estou, e isso acabou por me motivar a ficar, mas sim, sempre pensei em sair de Aveiro porque já estou aqui há demasiado tempo, já sou um dinossauro na universidade.

 

  1. Quais são as principais áreas de interesse que moldaram o teu percurso académico em Bioquímica e de que forma influenciaram a tua vida pessoal?

Eu escolhi bioquímica porque, no secundário, pensei: “Química e Ciências Biológicas parecem uma boa mistura”. Na altura, não sabia muito bem o que queria fazer com o curso. Sabia que queria muito a área da ciência e muito ligado à saúde, então acabei por fazer a licenciatura em Bioquímica e depois especialização em Clínica, também aqui na Universidade de Aveiro, e acho que isso acabou por moldar muito a pessoa que sou no sentido em que aquilo que eu faço hoje em dia está muito ligado àquilo que eu queria quando entrei na universidade: trabalhar na área da Bioquímica. Neste caso, eu estou em Química Medicinal, que é um bocadinho diferente, mas acabo por ter que ter muitas bases em Bioquímica também, para perceber processos metabólicos de doenças, por exemplo. Por isso, sim, essas duas áreas especificamente, a Química e a Biologia, neste caso a Bioquímica, moldaram muito o meu futuro e o percurso que estou a fazer agora, digamos assim.

 

  1. O que te inspirou a entrar na Scientific inicialmente? Qual foi a razão por trás da tua escolha em ser membro da RC? E quais eram as tuas expectativas antes de te juntares à Scientific?

Eu sou uma pessoa que acha sempre que o percurso académico não deve ser só feito do curso. Eu acho que para crescermos, aprendermos e evoluirmos temos de sair da nossa zona de conforto e fazer outras coisas. Eu sou muito apologista disto. Então, na altura, no meu terceiro ano, achava que me faltavam fazer coisas. Estávamos naquela fase e naquela idade em que queremos explorar ao máximo e estamos sempre com aquela ambição de fazer mais e viver, e viver e viver.

Eu tinha um amigo que estava na Scientific, que me falou da Scientific, e eu fiquei com a pulga atrás da orelha, por isso candidatei-me, sem qualquer expectativa em relação à Júnior. A Júnior era muito novinha na altura, tinha um ano, acho eu, tinha quase acabado de ser formada. Eu não tinha muita expectativa, mas quis candidatar-me e quis ver o que é que poderia ganhar dali, porque sabia que iria ter algum retorno daquilo que iria fazer. Depois, vi os departamentos, e aquele com o qual me identifiquei mais foi RC, simplesmente porque eu sempre gostei muito de escrita científica. Achava que, se calhar, era o departamento no qual eu me ia inserir melhor, mas não tinha mesmo nenhuma expectativa em relação nem ao departamento nem à Scientific em si.

Posso dizer que superou qualquer expectativa que eu tinha. RC deu-me muito naquela altura. A minha diretora, que era a Ana Ramos, foi uma grande inspiração para mim, mesmo no meu percurso lá dentro, e superou qualquer expectativa que eu tinha em relação à Júnior, sem dúvida.

 

  1. Quais foram os desafios mais significativos que enfrentaste como membro da Scientific? Como é que esses desafios impactaram a tua jornada académica, profissional e pessoal?

Eu acho que aquilo que foi, sem dúvida, o maior desafio foi a gestão de tempo e de stress. Estava no meu último ano e  tinha um projeto de licenciatura para fazer, entre outras coisas, então aquilo que eu senti mesmo foi que gerir a vida pessoal com a vida académica – o curso, os trabalhos, os testes e a Júnior- foi, sem dúvida, o desafio mais impactante na minha jornada dentro da Júnior.

O facto de ter de gerir tanta coisa acabou por me dar certas valências que, sem dúvida, foram uma mais-valia no resto do meu percurso. Aprendi a gerir o meu tempo, a lidar com pessoas, a liderar pessoas, a ser muito mais proativa e motivada, e isso acabou por me moldar e dar-me bastantes bases que eu necessitava e que fazem parte da vida académica ou mesmo da profissional.

Portanto, foi um desafio, mas, ao mesmo tempo acabou por ter bastante retorno no percurso que eu tinha para fazer dali para a frente.sem

 

  1. Quais foram as tuas principais contribuições para a Scientific? Existe algum projeto ou realização do qual te sintas particularmente orgulhosa?

Quando vi esta pergunta, veio-me logo à cabeça o departamento de Relações Científicas. Para mim, o projeto que mais gosto me deu fazer e que mais orgulho me dá foi ter sido diretora de Relações Científicas, porque RC é um departamento bastante desgastante, mas não no mau sentido. É um departamento que precisa de muita motivação- motivação, naquele departamento, é muito chave, pelo menos na minha altura.

O facto de eu ser diretora e o facto de ter feito parte da direção com as pessoas com quem fiz foi um projeto do qual eu me orgulho muito. Eu não fiz o departamento crescer sozinha; eu tive uma equipa espetacular na altura. Nós éramos muito unidos, trabalhámos muito para o departamento crescer. Era uma altura de muito crescimento, acho que foi o ano em que RC deu mesmo um pulo gigante, e isso depois acabou por se repercutir nos mandatos a seguir, porque eu sinto que RC, entretanto, evoluiu imenso com as seguintes direções. Mas foi o projeto que mais gozo me deu fazer. Eu adorei ser diretora, adorei a equipa que tive e todos juntos fizemos mesmo com que RC crescesse imenso. É o projeto do qual eu mais me orgulho. Não é um projeto em específico; era um departamento, uma base fundamental da Júnior. As pessoas que me conheceram na altura sabem o quão feliz eu fui a fazer aquilo, e foi, lá está, o motivo pelo qual eu não saí da Universidade de Aveiro no meu mestrado. Sem dúvida, que não tenho qualquer arrependimento.

Foi um dos anos mais felizes da minha vida na Scientific, sem dúvida.

 

  1. Podes partilhar uma experiência particularmente positiva ou gratificante que viveste enquanto eras membro da Scientific?

Eu sinto que nós erámos muito felizes nos teambuildings. Eu sei que teambuilding é quase sinónimo de conhecer pessoas e diversão, e não tanto de trabalho, mas eu lembro-me especialmente de um teambuilding, quando era membro, que eu organizei com a Célia, que foi a presidente da Scientific no meu ano de Direção. Nós as duas organizámos o teambuilding e lembro-me, mesmo, de ver as pessoas tão felizes por estarem ali e estar a equipa toda junta, conhecermo-nos e fazermos dinâmicas juntos. Deu-me uma sensação muito grande de realização e foi muito positivo.

Tenho das memórias mais felizes desse teambuilding, foi o teambuilding em que eu senti mesmo que RC era uma família, em que nos demos mesmo muito bem e conhecemo-nos ainda melhor. Sinto que é dos momentos mais felizes que já tive. Eu tive muitos momentos felizes dentro da Júnior, mas o teambuilding em si, por ter sito também organizado por mim e pela Célia, foi, sem dúvida, um momento muito feliz. Muito feliz mesmo.

 

  1. O que acreditas teres ganho em termos pessoais e profissionais com a tua experiência na Scientific? Como é que isso influenciou o teu desenvolvimento global?

Eu acho que já acabei por responder um bocadinho a isso há bocado, mas aquilo que eu sinto que a Scientific me deu muito foi o não ter medo de arriscar e o não ter medo de sair da minha zona de conforto, sem dúvida, porque eu acredito mesmo, e já disse isto algumas vezes, que é fora da nossa zona de conforto que nós nos conhecemos e ficamos mesmo a perceber aquilo de que somos capazes, aquilo que gostamos e aquilo que queremos fazer um dia.

A Scientific deu-me muito isso, atirou-me para desafios que eu não tinha sequer noção de que tinha capacidade de os fazer, e deu-me valências, como eu já tinha dito: ser muito organizada, mais proativa, ter a capacidade de liderança de pessoas, organizar dinâmicas, trabalhar com personalidades completamente diferentes. Uma das coisas que eu mais gostei, e que me deu algum estofo depois nas etapas seguintes da minha vida foi ter conhecido pessoas diferentes e ter de trabalhar com elas.

Eu gosto muito do facto de nós estarmos todos, apesar de termos objetivos diferentes, a trabalhar para um objetivo em comum, que naquele caso era subirmos a Júnior Empresa, que nós agora somos, fico muito feliz com isso, e sim foram mais essas valências.

Eu posso dar um exemplo muito prático: quando acabei o mestrado, andava à procura de emprego e nunca tinha ido a uma entrevista de emprego. Muitas pessoas ficam muito nervosas porque é o primeiro impacto que têm com o tecido empresarial. Lembro-me perfeitamente que, na minha primeira entrevista, eu não estava tão nervosa, e sinto que não estava tão nervosa porque lidamos com muita coisa diferente na Júnior.

A Júnior foi, sem dúvida, o maior projeto que eu tive na universidade. Eu estive lá três anos: fui membro, diretora e presidente da Mesa da Assembleia Geral. Sinto que ganhei mesmo estofo e confiança para não estar tão nervosa. Não sei se isto faz sentido, mas foi uma das coisas que eu notei mesmo. Senti “Eu estou super confortável em fazer isto, não me sinto muito nervosa”. Por isso, sim, teve um impacto muito positivo no pós-Scientific.

 

  1. O que sentes em relação ao facto de agora sermos Júnior Empresa, dado que trabalhaste para isso e agora chegámos a esse ponto?

Fico muito feliz. Eu continuo a dizer “somos” e nunca “vocês são”, porque eu nunca deixei de sentir que fazia parte da família da Scientific. Foi um projeto pelo qual eu tenho mesmo muito carinho, e foi por isso que eu aceitei fazer esta entrevista, porque gosto mesmo muito e fico mesmo muito feliz. Continuo a seguir-vos, continuo a ver o vosso trabalho e, na altura, quando descobri que nós tínhamos passado a Júnior empresa, foi uma sensação inexplicável.

Eu acho que todos os membros antigos devem ter ficado assim, porque custou-nos muito chegar lá, muito. Implicou muito trabalho e muita gestão interna, principalmente. Eu lembro-me que no meu ano trabalhámos muito a gestão interna, pôr tudo direitinho nos departamentos, e depois houve muitas coisas- toda a definição do core, por exemplo- que acabou por ficar para os mandatos seguintes. Mas foi uma sensação de dever cumprido, e não foi uma vitória só vossa. Foi uma vitória de todos os membros antigos. Foi, mesmo, o trabalho de muitas pessoas que passaram pela Júnior, então eu sinto que toda a gente celebrou um bocadinho aquilo que vocês celebraram. Foi muito bom, eu fiquei muito feliz, e vocês vão ter oportunidades espetaculares agora que são Júnior Empresa, portanto estou muito feliz por vocês. Agarrem essas oportunidades, mesmo.

 

  1. Que conselho darias a algumas pessoas que estão a iniciar esta jornada na Scientific?

O meu maior conselho é: aproveitem. Aproveitem a experiência ao máximo, porque quem entra na Scientific e em projetos deste género, desta dimensão, não tem noção do quanto pode ganhar. Às vezes, nós entramos só naquela de “Vou experimentar para ver no que é que dá”, e depois nem sequer aproveitamos o projeto do início ao fim.

Aquilo que vos digo, e que posso partilhar com pessoas que queiram entrar, ou mesmo com quem já está, é para aproveitarem todas as oportunidades que a Scientific vos dá. Olhem para a Júnior não só como trabalho, mas também como uma experiência que vos liga à vossa vida profissional e académica. Vocês não estão apenas a estudar. Estão a fazer outras coisas que vos ajudam a crescer.

Aquilo que mais gostei de fazer – e que mais me ajudou a crescer – foi conhecer pessoas dentro da Júnior. Vocês ganham networking gigante. São pessoas que, um dia mais tarde, vão trabalhar em diferentes lugares, e vocês vão acabar por se cruzar novamente porque partilharam momentos juntos. É destas aprendizagens que crescemos e nos tornamos as pessoas que somos.

Por exemplo, sei que sou a pessoa que sou hoje porque conheci pessoas que tiveram um impacto gigante no meu percurso académico e no meu crescimento pessoal. Por isso, aproveitem mesmo todas as oportunidades. Agora que são uma Júnior Empresa, vão ter ainda mais oportunidades do que aquelas que nós tivemos. Aproveitem tudo o que a Júnior vos oferece. Vocês não têm que pagar nada – têm formação “de borla”, digamos assim. Aproveitem! Este é, sem dúvida, o meu maior conselho.

 

  1. Como última pergunta, achas que esta realidade adquirida na Scientific foi valiosa para a tua vida posterior? Por exemplo, na elaboração da tua tese de mestrado? Achas que essa experiência se traduziu em benefícios tangíveis na tua vida académica e profissional?

Eu acho que vou falar um bocado de algo mais palpável do que a escrita. Acho que as Relações Científicas, falando deste departamento… Como é óbvio, estou em doutoramento. Eu fiz uma tese de mestrado e, como é óbvio, estou a fazer uma tese de doutoramento, não é? Então, a escrita científica é muito a base de um cientista também.

Claro que o facto de eu ter que fazer pesquisa bibliográfica, de ter que escrever documentos, de ter que organizar manuais – porque na nossa altura tínhamos que fazer muitos dos manuais da Scientific – deu-me muito estofo, deu-me muito vocabulário e deu-me a capacidade de utilizar, mais tarde, as valências que ganhei para escrever os documentos que precisava. Por exemplo, no caso de eu ter ganho o prémio e ter que fazer uma candidatura, precisei de escrever uma carta de motivação.

Portanto, daquilo que fui aprendendo – não foi tudo de RC, como é óbvio – mas tudo aquilo que fui aprendendo ajudou muito. Isso se calhar é o mais palpável. O resto foi um bocadinho tudo aquilo que fui dizendo. Eu acho que, acima de tudo, ganhei muita confiança em mim própria e cresci muito. Percebi que consigo sair da minha zona de conforto e fazer coisas incríveis fora dela, e que esse crescimento pessoal, sem dúvida, traduziu-se no meu percurso pós-Scientific. Consegui fazer imensas coisas e abraçar outros projetos. Não tive medo de dizer que sim a outros projetos, mesmo com tantas coisas a acontecerem na minha vida. Eu fui capaz de dizer: “Não, se eu consegui fazer isto há uns anos, agora consigo fazer, se calhar, melhor e de igual maneira”.

Portanto, acho que foi muito isso. Foi mesmo o crescimento pessoal que depois se traduziu em todas as conquistas que tive até agora, e mesmo em outros projetos. Sem dúvida que a escrita teve um papel muito importante na minha vida de cientista.

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